A representação do negro em Casa-grande & senzala
uma releitura
Resumo
Ao descrever em Casa-Grande & Senzala a vida cotidiana da família colonial na América Portuguesa, Gilberto Freyre revelou a brutalidade da condição social das mucamas, dos moleques de brinquedo e das mulatas que conviviam com o sadismo e a crueldade dos senhores. Quando estabeleceu o elogio à mestiçagem, o autor também fez perceber que muitos comportamentos atribuídos à influência de raça eram na verdade decorrência direta do sistema social da escravidão, que necessariamente degradava a moral do indivíduo – não por ele ser negro, mas por ser escravo. Assim, para contribuir no exercício de reavaliação do pensamento de Gilberto Freyre, o presente artigo propõe uma leitura direcionada de Casa-grande & Senzala, fazendo um recorte da representação que nesta obra o autor conferiu ao negro. O objetivo é salientar aspectos que problematizem a pertinência das críticas que o acusam de idealizar certa "democracia racial" na sociedade colonial.