As neblinas da travessia

uma tradução intersemiótica

Autores

  • Josina Nunes Drumond Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Resumo

Entre uma e outra margem da vida, interpõe-se uma densa neblina que dificulta a travessia. “Viver é muito perigoso” devido às aporias que eventualmente bloqueiam o fluxo dos acontecimentos. Em Grande sertão: veredas, o narrador/personagem demonstra obsessão em resolver os processos dialéticos que vão surgindo durante suas andanças pelo sertão. No entanto, seu discurso se presta tão somente a condensar e estender ainda mais a neblina da dúvida e da indefinição. Levado pelo fluxo da vida, Riobaldo se debate debalde, sem baldear seu próprio rio. Nesse trabalho não se pretende dissipar essas neblinas e sim focalizar sua formação e densidade. Pretende-se seguir o curso das veredas e dos signos no discurso literário de Guimarães Rosa e nas imagens do artista plástico Arlindo Daibert. Busca-se a leitura semiótica da tradução de um sistema sígnico para outro. Faz-se uma curiosa e prazerosa incursão pelas dobras e redobras do discurso em ambas as construções artístico-narrativas. Nessas diferentes linguagens, dois sistemas sígnicos interagem e muitas vezes se imbricam. Cada signo torna-se irradiador de policonotações. Há em ambas uma “clareza relativa” que oscila entre possibilidade e impossibilidade de leitura, uma dinâmica renovadora e uma profusão barroca de elementos. Rosa e Daibert são criadores de obras polissêmicas, cujos signos se desdobram infinitamente.

Biografia do Autor

Josina Nunes Drumond, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Universidade Federal do Espírito Santo. Doutora em Comunicação e Semiótica: intersemiose na Literatura e nas Artes, pela PUC/SP

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Publicado

2018-12-06

Edição

Seção

Artigos