A língua banguela, território de identidade negroafricana em Minas Gerais
Palavras-chave:
línguas africanas, identidade, vissungos, mineraçãoResumo
Considerando que a língua substancia o espaço de identidade de um povo e o léxico é espelho da cultura, as marcas de africania na língua banguela e nos cantares vissungos denunciam a sua matriz umbundo da região angolana de Benguela e, ao mesmo tempo, reverte o estereótipo recorrente de que o escravizado negro era “uma coisa só”, o africano, sem nome, língua e identidade própria. Umbundo, falado pelo povo ovimbundo, pertence ao grupo bantuídeo de línguas do ramo Benue-Congo, da região centro sul de Angola, de onde foram trazidos grandes contingentes de escravizados para o Brasil, durante o século XVIII, a fim de atender a demanda de mão de obra escravizada nos garimpos do interior de Minas Gerais. Presentemente, a chamada língua banguela, um falar afrobrasileiro local, lexicalizado pelo umbundo, assim como os cantares vissungos persistem como traços marcantes de um território de identidade negroafricana no Brasil.