A língua banguela, território de identidade negroafricana em Minas Gerais

Autores

  • Yeda Pessoa de Castro Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Palavras-chave:

línguas africanas, identidade, vissungos, mineração

Resumo

Considerando que a língua substancia o espaço de identidade de um povo e o léxico é espelho da cultura, as marcas de africania na língua banguela e nos cantares vissungos denunciam a sua matriz umbundo da região angolana de Benguela e, ao mesmo tempo, reverte o estereótipo recorrente de que o escravizado negro era “uma coisa só”, o africano, sem nome, língua e identidade própria. Umbundo, falado pelo povo ovimbundo, pertence ao grupo bantuídeo de línguas do ramo Benue-Congo, da região centro sul de Angola, de onde foram trazidos grandes contingentes de escravizados para o Brasil, durante o século XVIII, a fim de atender a demanda de mão de obra escravizada nos garimpos do interior de Minas Gerais. Presentemente, a chamada língua banguela, um falar afrobrasileiro local, lexicalizado pelo umbundo, assim como os cantares vissungos persistem como traços marcantes de um território de identidade negroafricana no Brasil.

Biografia do Autor

Yeda Pessoa de Castro, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Professora aposentada da UFBA, etnolinguista, doutora em línguas africanas (UNAZA, CONGO). Consultora em Línguas Africanas do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Autora de Falares africanos na Bahia: um vocabulário afrobrasileiro (Academia Brasileira de Letras/ Topbooks Ed.) e A língua mina-jeje: um falar africano em Ouro Preto no séc. XVIII (Fundação João Pinheiro)

Downloads

Publicado

2019-08-13

Edição

Seção

Artigos