Supremacia do eu-filósofo, efeito no outro
uma análise da “Primeira caminhada”, de Os devaneios do caminhante solitário, de Rousseau
Palavras-chave:
Rousseau, Filosofia, Iluminismo, LiteraturaResumo
Rousseau, em Os devaneios do caminhante solitário, obra póstuma e inacabada, publicada em 1782, problematiza a questão do eu, embaçando, no plano literário, a tríade autor-texto-leitor, cujo efeito pode ser assim resumido: alheio aos seus iguais, radicaliza a si mesmo num movimento que diz algo sobre si, para si, sobre o outro e para o outro, de modo que a partir “deles” seja possível chegar a “mim”, a fim de conhecer e dar a conhecer “o que sou”. Logo, “o que sou” desdobra-se em “o que somos” em realidade, ficção, razão e imaginação (devaneio). Assim, assumindo-se que as Luzes não foram senão um conflito sobre o sentido a dar ao conflito, “não há Luzes sem crítica, não há crítica sem os outros, não há outros sem ficção” (BINOCHE, 2018, p. 27, tradução nossa). Esta é a proposta de leitura da “Primeira caminhada” de Os devaneios do caminhante solitário.