A margem que não se vê
escutar o silêncio entre Rosa e Thoreau
Palavras-chave:
Guimarães Rosa, Thoreau, escuta, ausência, éticaResumo
Este ensaio propõe uma travessia simbólica entre o conto A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa, e a obra Walden, de Henry David Thoreau, a partir das ideias de escuta, ausência, presença ética e recusa do mundo normativo. Analisa-se como ambas as narrativas constroem figuras que não rompem com o mundo por ódio ou misantropia, mas por uma escuta ética profunda — uma recusa silenciosa que se transforma em forma de habitar o tempo. A canoa do pai e a cabana de Thoreau tornam-se símbolos de uma mesma travessia: o gesto de estar fora sem deixar de estar. O artigo entrelaça filosofia existencial, crítica literária e linguagem lírica como modo de pensar o ser entre margens.