Entre silêncio e narrativa
o cansaço como experiência originária em Peter Handke
Palavras-chave:
Peter Handke, Cansaço, Narrativa, Paul Ricoeur, Emmanuel LevinasResumo
O presente artigo analisa a obra Ensaio sobre o cansaço de Peter Handke (1989), buscando compreender como o autor transforma a experiência aparentemente banal do cansaço em um fenômeno existencial e narrativo fundamental. Longe de ser apenas uma ausência de forças, o cansaço aparece como condição reveladora da relação entre sujeito, linguagem e mundo. A partir da descrição dos “quatro modos de relação” apresentados por Handke, o texto dialoga com a teoria da narrativa de Paul Ricoeur (Tempo e Narrativa) e com a ética da alteridade de Emmanuel Levinas (Totalidade e Infinito), mostrando como o cansaço pode se tornar um espaço de suspensão da linguagem, mas também de abertura silenciosa para o outro e para uma nova configuração de sentido. Defende-se que o cansaço, na perspectiva de Handke, é um estado originário que possibilita tanto uma narrativa sem palavras quanto uma ética da escuta.

