Os processos criminais como fontes históricas

possibilidades e limitações na construção da historiografia

Autores

  • Júlio César Franco Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)

Palavras-chave:

processos criminais, História Social, Pós-estruturalismo, relações de poder, cartografia

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão sobre o uso dos processos criminais como fontes historiográficas, abordando suas possibilidades e limitações no contexto da História Social e do Pós-estruturalismo. A partir de uma análise crítica de um processo criminal ocorrido em 1966 na Comarca de Mallet (PR), que envolve violência doméstica, a pesquisa explora como esses documentos podem revelar as relações de poder presentes na sociedade da época. Utilizando a metodologia cartográfica proposta por Deleuze (2013), são observados os diagramas e dispositivos sociais que estruturam a violência, como a “masculinidade”, a “honra” e a “virilidade”, destacando o papel de instituições como a família, a escola, o álcool, a polícia e o judiciário na formação dessas relações. O estudo discute como a “masculinidade” se manifesta como uma máquina abstrata, agenciada por diversos dispositivos sociais, e como os processos criminais podem refletir e reproduzir valores e discursos estabelecidos. Além disso, a pesquisa reconhece que, embora os processos criminais forneçam insights valiosos, seu uso exige uma análise cuidadosa, considerando as limitações dessa abordagem. A partir dessa reflexão, o artigo destaca a importância de repensar os métodos historiográficos tradicionais, propondo o uso das fontes jurídicas como uma ferramenta para compreender as dinâmicas sociais e o poder, desafiando a visão estática da história e ampliando as possibilidades interpretativas dos historiadores. Em suma, o trabalho sugere que a história, ao ser analisada sob a ótica do devir e das relações de forças, permite novas formas de conhecer e questionar a realidade social.

Biografia do Autor

Júlio César Franco, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)

Assessor Técnico – Historiador

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Publicado

2025-12-08

Edição

Seção

Artigos