“Quando chegares ao hades, não hás-de encontrar amantes”
topoi clássicos do carpe diem (efemeridade da existência e convite amoroso) em poemas de Florbela Espanca
Palavras-chave:
lírica greco-latina, lírica moderna, tópica literária, Carpe diemResumo
Este artigo analisa poemas de Florbela Espanca (1894-1930) sob a perspectiva da investigação tópica, tendo como principal aporte teórico Achcar (1994), com o qual concordamos que a tópica “são unidades semânticas, para as quais cada poeta constrói a seu modo a forma de expressão” (ACHCAR, 1994, p. 54). A consolidação do gênero carpe diem surge quando “o hedonismo é sempre apresentado como resultante lógica da consciência da efemeridade” (ACHCAR, 1994, p. 67), de modo que procuramos refletir acerca da permanência dessa retórica temática e lugares-comuns da lírica greco-latina na lírica contemporânea, a partir de uma reflexão comparativa com a poetisa autora de Livro de mágoas. A construção da análise se baseia, assim, em um corpus composto por três poemas de Florbela Espanca — “O nosso mundo”, “Mocidade” e “Amar!” — a partir dos quais demonstramos práticas intertextuais relativas à tópica da efemeridade e suas variações: o carpe diem e o convite amoroso.