O Judas em Sábado de Aleluia
disfarce e reconhecimento numa comédia de Martins Pena
Palavras-chave:
teatro brasileiro, comédia, Martins Pena, Brasil ImpérioResumo
O presente artigo propõe uma discussão acerca da obra de Martins Pena, fundador da comédia de costumes no Brasil, dando destaque a O Judas em Sábado de Aleluia (1844), texto produzido no Rio de Janeiro, à época a capital de um império pleno de contradições sociais e políticas, conforme o dramaturgo nos revela em muitas de suas comédias. Nessa peça, encontra-se o drama de Faustino, pobre, órfão e perseguido que, por meio da técnica do disfarce, consegue alcançar o final feliz típico das comédias. O objetivo é analisar as consequências do disfarce e do reconhecimento, estratégias que caracterizam essencialmente a comédia clássica e que são recorrentes na obra de Pena. Ao comparar Faustino a outros personagens do mesmo comediógrafo, é possível perceber, por exemplo, a orfandade como elemento social comum. Como Martins Pena é um exímio retratista das mazelas sociais do Segundo Império, é possível perceber, em suas denúncias, a falta de uma base estrutural doméstica (a falta do pai e/ou da mãe), aqui entendida como a própria ausência do Estado, modelo de uma instituição corrompida e clientelista. A pesquisa está sustentada numa leitura histórica e social, tendo como parâmetro o Brasil do Segundo Império, a partir de autores como Candeias (2014), Arêas (2012), Amenda (2006).