A poética da favela
linguagem, estilo e escrevivência em Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus
Palavras-chave:
Carolina Maria de Jesus, escrevivência, poética de resíduos, favelaResumo
Este trabalho analisa a obra “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus (2014), a partir da relação entre linguagem, estilo e escrevivência. Como mulher negra, pobre e moradora da favela do Canindé, Carolina Maria de Jesus constrói uma escrita singular que ultrapassa a esfera individual e se transforma em testemunho coletivo da fome, da exclusão e da desigualdade social. A pesquisa, de caráter qualitativo e bibliográfico, tem como objetivo compreender como a autora desenvolve uma poética própria, denominada por estudiosos de “poética de resíduos”, que combina oralidade, lirismo e denúncia social. A partir do conceito de “escrevivência”, elaborado por Conceição Evaristo, a análise evidencia que a escrita de Carolina Maria de Jesus é não apenas relato, mas também literatura de resistência, capaz de romper fronteiras do cânone e de afirmar o lugar da favela e da mulher negra na literatura brasileira.

