O vício da obediência cega
uma relação entre o sistema carcerário brasileiro e o conceito de banalidade do mal de Hannah Arendt
Palavras-chave:
obediência, banalidade, direito, dignidadeResumo
Esta pesquisa investiga uma relação entre o conceito de banalidade do mal, proposto por Hannah Arendt, e o sistema carcerário brasileiro. Tem-se dois cenários para o estudo: de um lado, o inenarrável holocausto e a Segunda Guerra Mundial, e de outro, as temíveis prisões brasileiras. Ambientes completamente divergentes, porém, os manuseadores e espectadores destes episódios parecem agir igualmente, com indiferença perante o mal que causam. Em ambos os casos, tais pessoas se tornam peças de uma engrenagem, fragmentos invisuais que encaram suas próprias condutas, que são de cunho quase sempre criminal, como apenas parte de um trabalho, algo a ser executado. Perdem a sensibilidade, não notam que do outro lado há um ser humano, tendo o seu direito à dignidade da pessoa humana dilacerado, de forma escrachada para toda a sociedade que, ainda assim, vê-se inerte e até mesmo age como sustentáculo de tais atitudes.