Relação entre a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) e a ergonomia na busca da inserção do deficiente no mercado de trabalho
um projeto-piloto
Palavras-chave:
Classificação Internacional de Funcionalidade, ergonomia, acessibilidadeResumo
O mercado de trabalho tem se modificado com a globalização, e o acesso é cada vez mais restrito e delimitado à mão-de-obra qualificada, com aumento do desemprego devido ao “enxugamento” de pessoal nas empresas e ao sobretrabalho. Para a pessoa com deficiência o cenário é ainda mais excludente, quer seja pela baixa escolarização atingida por ela, quer seja pelas restrições atitudinais das empresas e barreiras existentes para um exercício pleno da sua cidadania. Dentro desta perspectiva, este estudo objetivou avaliar postos de trabalho de uma empresa como projeto-piloto para receber pessoas com deficiência, com embasamento nas definições propostas pela Classificação Internacional de Funcionalidade e Acessibilidade (CIF). Foram realizados um estudo qualitativo por meio de entrevistas tanto com o departamento de recursos humanos (DRH) quanto com deficientes; uma análise ergonômica do trabalho (AET) e dos postos de trabalho selecionados; e comparação dos dados com a estrutura da CIF. Notou-se que a empresa projeto-piloto, além de realizar a contratação de deficientes para suprir a cota instituída pelo governo, preocupa-se com a satisfação do trabalhador deficiente, na medida em que procura adaptar os postos de trabalho e potencializar suas habilidades. Em relação à AET constatou-se a necessidade de algumas adaptações nos postos de trabalho avaliados para melhor desempenho das atividades por meio de intervenções de ergonomia física e organizacional, bem como melhoria das condições de acessibilidade na empresa como um todo. Quanto à CIF, foi possível constatar que 50% dos entrevistados fazem uso de órteses (facilitadores) e, na maioria das vezes, o mobiliário apresenta-se como uma barreira, o que justifica a intervenção da ergonomia neste processo. Desta forma pode-se concluir que a CIF é um instrumento capaz de sobrepor a funcionalidade à incapacidade e, quando relacionada aos conceitos de acessibilidade e ergonomia, pode permitir a criação de modelos que possibilitem aos deficientes a inclusão no mercado de trabalho, garantindo o pleno desenvolvimento de suas habilidades.