Tratamento de resíduos agropecuários através da vermicompostagem
Palavras-chave:
tratamento, bagaço de cana de açúcar, dejetos de bovinos, vermicompostagem, húmusResumo
O presente trabalho teve como objetivo transformar o bagaço de cana de açúcar (BC) e o dejeto de bovino (DB) em adubo orgânico através do processo de vermicompostagem e verificar se houve diferença qualitativa dos adubos orgânicos produzidos pelas minhocas das espécies Eisenia foetida e Eudrullus Eugeniae. Para a montagem, seguiu-se a metodologia descrita por (CAIXETA & OLIVEIRA, 1998). Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com dois tratamentos e cinco repetições, sendo o tratamento 1 (T1) inoculação da minhoca da espécie Eudrilus eugeniae no substrato e o tratamento 2 (T2) inoculação da minhoca da espécie Eisenia phoetida. Posteriormente, as amostras foram enviadas para o laboratório de solos da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Botucatu-SP para análise de fertilidade e posterior verificação do potencial de cada substrato como composto orgânico. Para isso, foi feita a determinação do pH em água, conforme metodologia descrita pela EMBRAPA (1997) além do nitrogênio total, segundo o método Kjeldahl, descrito por SILVA (1990). As concentrações de fósforo, de cálcio e de magnésio foram obtidas de acordo com metodologia descrita por DEFELIPO & RIBEIRO (1981), enquanto as concentrações de micronutrientes (Cu, Fe, Mn, e Zn) foram determinadas a partir de extrações nítrico-perclóricas, seguindo de leitura em espectrofotômetro de absorção atômica, segundo metodologia adotada pelo Laboratório de Análises de Fertilizantes e Corretivos da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Os resultados foram submetidos a análises de variância, com médias dos tratamentos comparadas com uso do Teste-T ao nível de 0,05 de probabilidade, sendo para isso utilizado o programa SPSS 11.0. Os resultados de pH de 7,22 (T1) e 7,08 (T2) estão de acordo com a lei 6934 de 13 de julho de 1981, que dispõe sobre a inspesão, a fiscalização da produção e o comércio de fertilizantes e de biofertilizantes que institui taxas relativas às atividades do Ministério da Agricultura. Por lei, o composto curado deve ter um pH mínimo de 6,0. Os valores da relação C/N foram 9,4 e 8,4 para os tratamentos T1 e T2, respectivamente, não apresentando diferença significativa e comprovando a estabilização completa do material. Os resultados dos teores de Matéria orgânica (MO), Umidade (UM) e Carbono (C) dos dois tratamentos apresentaram diferença significativa. Analisando os valores de Matéria orgânica (MO) e Carbono (C) separadamente nos dois tratamentos, observou-se uma tendência de maior velocidade de decomposição do material no tratamento T2-Eisenia foetida (californiana). Os valores de Nitrogênio (N), Peroxido de Fósforo (P2O5), Oxido de Potássio (K2O), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S) nos dois tratamentos apresentaram diferença significativa, sendo que o vermicomposto oriundo do tratamento T1- Eudrilus eugeniae (africana) apresentou maiores percentuais desses macronutrientes. Os teores de (N) de ambos os tratamentos estão acima do mínimo especificado pelo decreto lei nº 1899, de 1981, que é de 1%. De acordo com os resultados apresentados, verificou-se que houve diferença significativa no que diz respeito aos teores de ferro e de zinco, sendo que o tratamento T1- Eudrilus eugeniae (africana) apresentou maiores percentuais desses dois micronutrientes. Quanto aos teores de cobre e de manganês, não houve diferença significativa entre os dois tratamentos. Os vermicompostos produzidos apresentaram características químicas, tais como conteúdo de matéria orgânica, relação C/N, pH, concentração de macro e micronutrientes, que indicam possibilidade de uso desses materiais como adubo orgânico, em face do valor como fertilizante que apresentam. A minhoca Eisenia foetida decompôs o material analisado em uma maior velocidade de tempo.