A escuta que salva

Míchkin e o episódio de Marie como expressão da ética da presença, em “O idiota”, de Fiódor Dostoiévsk

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Palavras-chave:

Dostoievski, escuta, ética, infância, compaixão

Resumo

Este artigo analisa o episódio de Marie em O idiota, de Fiódor Dostoiévski, como expressão concentrada da ética que orienta o príncipe Míchkin. Ao escolher não castigar, não corrigir nem doutrinar as crianças que agridem Marie, mas simplesmente estar com ela, Míchkin revela uma forma radical de virtude: a compaixão como escuta encarnada. O gesto, silencioso e afetivo, desarma a violência não por confrontação, mas por contaminação afetiva. Propõe-se que esse episódio se articula com uma concepção de beleza não estética, mas ética, e se aproxima da postura de Aliócha Karamázov junto às crianças em Os irmãos Karamázov, configurando o gesto de escuta como forma de redenção silenciosa do mundo.

Biografia do Autor

Lara Passini Vaz-Tostes, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Bacharel em Direito

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Publicado

2025-06-26

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Artigos